Pássaro preto... Ganhei do meu Bisavô um pássaro preto. O pássaro cantava imponente e abaixava a cabeça para receber um cafuné, era só dizer cata piolho , a mágica acontecia. Tudo é mágica quando se tem 2anos e meio , três anos .Não sei porque meu bisavô resolveu me dar aquele pássaro, ele não dava os seus pássaros nem para os netos. Não sei como o pássaro chegou no apartamento que a gente morava , só sei que foi uma festa. Acho que foi o meu avô que levou, ele sempre ia lá em casa, quase todo dia. Não sei mesmo, só sei que eu adorava o passarinho. Um dia, minha mãe deixou o dedetizador jogar um veneno para matar inseto e o veneno matou o passarinho. Foi triste, muito triste. A morte do pássaro parecia ser um mal presságio, porque depois de uns dias , a minha bisavó morreu e depois de uns meses morreu meu bisavô. Talvez , nem tenha acontecido assim, dias depois, acho que associei a morte com o que eu tinha de mais próximo na época. Li, aos 5/6 anos um poema de Manoel Bandeira que contava a história de um menino que perdeu seu passarinho e que o enterrou no jardim e a alma,voou para o céu dos passarinhos, me identifiquei demais. Quando a morte vem, a mágica perde o encanto, nunca mais a chácara dos meus bisavós foi a mesma.Faltava alguma coisa ... Quase ninguém ia mais . A vida é assim, a morte faz parte , triste e sem graça, sem encanto nenhum. A morte faz a gente crescer, faz a gente cair na real, perceber que pessoas , pássaros e tudo que tem vida não dura para sempre . A menória é uma forma de eternizar a vida, porque tudo fica guardado bem vivo dentro da gente . A gente tem que viver , apesar da morte... Um dia a alma da gente também vai voar para onde ninguém vai morrer..(.Nesse lugar meu bisavô está me esperando junto com o passaro preto) Até lá só nos resta viver . Viva a vida!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário